terça-feira, setembro 27, 2005

The Longest Journey - Nota 9,6

Embarque nessa fantástica jornada


Game: The Longest Journey
Versões existentes: PC
Lançamento: 2000
Gênero: Adventure


Eu estava trabalhando em uma nova lista "TOP" que seria os Top 5 melhores games que quase ninguém jogou... E sinto muito, mas vou contar o final, The Longest Journey seria o número um.

Resumindo: Longest Journey é o meu segundo Adventure predileto, perdendo apenas para o Grim Fandango. E olha que sou um grande fã do gênero.

Feito por uma empresa pequena européia em 2000, esse game nunca recebeu a atenção merecida, apesar de ter tido sucesso com a crítica. Em parte devido ao fato de nunca ter conseguido uma boa distribuidora (a própria FUNCOM teve de distribuir o seu game) e em parte devido ao "congelamento" do mercado de adventures.

A História

Eu já disse em outras ocasiões que os pilares para o sucesso de um RPG são nos seus personagens (em especial dos principais) e a história. E é aqui que o The Longest Journey brilha.

Conheça April Ryan, estudante de arte e garçonete em uma pequena cafeteria. April se mudou para a metrópole futurista de Newport há pouco tempo. Ela fugiu dos seus pais para se mudar para essa metrópole e hoje vive por conta própria. Ela trabalha duro, estuda ao máximo e ainda tem de se esquivar do seu vizinho pentelho, louco para levar ela para a cama. De heroína a Srta. Ryan não tem nada e aparentemente tudo segue bem com ela... Mas no fundo ela sabe que algo está errado, ela se sente inquieta e um tanto infeliz (sem aparentar muito). Além de estar sofrendo com pesadelos que cada vez parecem mais reais. April sonha com um mundo estranho, como o de um conto de fada.

Bem vindo ao futuro, bem vindo a Newport.

À medida que a história progride percebemos que existem dois universos, e estes sempre coexistiram. O mundo de Stark, regido pela ciência e pela lógica, e Arcadia, uma terra de magia e de mitos. April é uma pessoa dotada de uma habilidade rara: a capacidade de viajar entre esses mundos.

Não temam. A história pode parecer repleta de clichês, mas os criadores do game fizeram um excelente trabalho em fugir dos lugares comuns. Os mundos são todos muito bem criados e os personagens secundários são memoráveis. A história é contada em um ritmo excelente, nunca ficando chata. Alguns reclamam que o primeiro capítulo demora tempo demais e que a história enrola muito para começar, mas eu discordo plenamente. A introdução lenta serve para que os jogadores conheçam bem o seu mundo e os habitantes dele. Esse tempo é gasto para "entrar na pele" de April Ryan.

April Ryan, um dos muitos pontos fortes do game.

O maior trunfo desse game é mesmo April Ryan. Eu sempre acreditei que mulheres fazem as melhores protagonistas de Adventure games. A própria natureza do adventure privilegia a criatividade e a sensibilidade, ao oposto da postura "macho man" de resolver tudo na violência. Não é à-toa que os Adventure games fazem tanto sucesso com o público feminino. April é a prova disso.

Não se trata de nenhuma Lara Croft. A nossa heroína é uma mulher comum. Ela é dotada de uma visão criativa e muito bem humorada da vida. No lugar dos músculos ela usa a sua inteligência. Com o passar da história vamos nos tornando mais íntimos de April, entendendo os seus conflitos e nos importamos com o destino que ela terá. Esse tipo de conexão emocional é comum em filmes, mas rara em video games. Resumindo: April Ryan é uma das mais memoráveis personagens de jogos já criadas, daquelas que a gente continua pensando mesmo depois de zerar o game.

A aventura levará a nossa heroina aos mais variados locais, em ambos os mundos.

A Jogabilidade

Não temos segredos aqui, o jogo deve ser bem familiar para qualquer gamer que tenha tido contato com os jogos de Adventure. O estilo do jogo lembra muito os jogos da série Syberia. Tenho de tirar o chapéu para a Funcom pela estruturação que eles fizeram com os inventários e anotações da April. Eles servem tanto para facilitar nas quests quanto para adicionar profundidade à personagem.

Os puzzles estão na dificuldade ideal e são muito bem inseridos no contexto do jogo. Nada de enigmas bizarros que não tem nada a ver com a história. Eu lembro de alguns puzzles mais complicados, então não desanime se esbarrar em um. The Longest Journey é um game que merece ser jogado até o fim.

Som

As vozes são muito bem trabalhadas e é possível enxergar a personalidade por meio dessas vozes. Claro que parte do mérito está nos diálogos muito bem escritos.
A música é toda orquestrada e se encaixa com perfeição ao ritmo do game, dando a ele um grande espírito épico.

Gráficos

Os fundos são muito bem desenhados.

The Longest Journey é um jogo belo. Os dois mundos são muito bem desenhados e artisticamente pensados. Interessante é a forma como o mundo futurista é tratado, fugindo dos clichês tradicionais da ficção científica.

Os personagens e alguns objetos importantes (como carros) são feitos em 3D e colados em belos fundos pré-desenhados. Esses fundos continuam tão belos hoje quanto antigamente. Os modelos 3D já estão mostrando a sua idade e as resolução de 640x480 já não é tão "impressionante" como era ela antes. Mas como vocês podem ver nas fotos The Longest Journey continua sendo um game belíssimo.

Conclusão

A Funcom fez um excelente trabalho com esse jogo. É raro ver um game com tanta profundidade e maturidade. Ele só não recebe um 10 por algumas questões na história, mas coisa muito leve. Trata-se de um clássico dos adventures e me impressiona o grande número de pessoas que nem sequer ouviu falar desse game. Se esse é o seu caso faça um favor a você mesmo e embarque em uma jornada para encontrar essa obra de arte.

Ah, antes que eu me esqueça... Podem ficar tranquilos, a Funcom está trabalhando em uma continuação para esse game. Qualquer um que tenha jogado ele vai entender o quão boa essa notícia é.

Nota da Extreme Gamer: 9,6